Wednesday, October 29

Coud it be a love story? IV – He

Pic by rosiehardy

Dois olhares que se tocaram

IV

He

Um almoço familiar – uma boa forma de debelar a ressaca. Expectante, mas não ansioso, pela tarde que se avizinhava, voou para Lisboa no seu Peugeot.

Ela estava algo nervosa. Ele também, mas tentava dissimular. De certa forma, este encontro deixava-o mais tenso do que o do dia anterior. Pelo menos, um dia antes não tinha nada a perder se o encontro não corresse bem. Desta vez, havia uma magia que se tinha criado e que não sabia se seria igual.

Optou pela sua costumeira abordagem: a brincadeira. A melhor forma que conhecia para dissimular nervosismo e insegurança.

Não sabia o que ia acontecer. Receoso de que a ideia dela sobre aquele encontro fosse diferente da dele, optou por ser cauteloso. Mas a verdade é que o desejo o estava a deixar louco.

Quando ela lhe disse que se ia descalçar, ele sentiu um arrepio forte na espinha. A sua tara por pés seria descoberta, certamente.

Os pés dela eram lindos! Egípcios, tal como ele imaginava – tinha desenvolvido esta capacidade de imaginar a forma dos pés a partir das mãos, e ainda se deleitava quando acertava (e ainda mais quando era agradavelmente surpreendido).

Ainda meio abananado, ela pediu-lhe para escolher música. Em cheio, é coisa que ele adora fazer (na casa dos outros). O Rodrigo Leão pareceu ser para ela uma boa escolha (“Boa, rapaz, marcaste um ponto!”).

Beijaram-se e ele voltou a sentir aquela magia do dia anterior. Ela demonstrava um desejo intenso, mas logo em seguida parecia retrair-se, receosa. Ao mesmo tempo que isto o baralhava ainda mais, também o espicaçava e lhe dava mais vontade de tocar-lhe e de sentir o seu corpo nu junto ao dele.

Num misto de tesão e vergonha, ela entregava-se e tremia com o toque dele em zonas ainda por descobrir, para logo a seguir voltar a cobrir-se com a camisola que ele paulatinamente procurava afastar.

Sem conseguir resistir muito mais, tocou-lhe nos pés. Ela estremeceu, mas muito rapidamente se notou que gostava. A ele, claro que o excitava loucamente, mas já não conseguia raciocinar de forma muito clara. Queria-a, ali, naquele momento, já, toda.

A língua dela deixava-o fremente de prazer, de tão suave e quente. A pele dela, arrepiada de prazer, e ao mesmo tempo com um toque acetinado irresistível, pedia-lhe para que lhe tocasse. Obediente, ele procurava desbravar todo aquele território com a plenitude dos seus sentimentos: o sabor dela, o cheiro dela, o toque dela.

Não ia resistir muito mais. Como se ouvisse os gritos de desejo dele, de que apenas tinha conseguido emitir uma ínfima parte sob a forma de gemidos suaves, ela ajudou-o a despi-la.


[Lu Romero]


>>> To be continued...

MGMT - Love Always Remains

Tuesday, October 21

Could it be a love story IV – She


Pic by aknacer

Dois olhares que se tocaram
IV
She

Amanheceu aconchegada. Transportava nos lábios o sabor doce do dia anterior. Levantou-se, acordando aos poucos, foi dar um passeio pelas ruas da baixa de Lisboa.
Voltou para casa à hora de almoço. Mas não se lembrou de almoçar. Alimentou-se de mais uns cigarros, água, música e um livro. Esperou-o bastante mais tranquila do que no dia anterior, mas talvez ainda mais ansiosa. Seria tão bom estar de novo com ele.

Finalmente encontrou-o; depois de correr a rua Ferreira Borges quase toda. Foi um encontro muito desejado e bastante engraçado da forma como começou. As suas mãos tremiam menos, apesar do seu peito palpitar muito mais. Ele ofereceu-lhe um daqueles sorrisos e perguntou-lhe em tom de brincadeira:
– Estavas à minha procura?
Ela respondeu-lhe, também com um ar travesso:
– Nem por isso, procurava outra pessoa... mas como tu és bem mais interessante... (riu como uma menina caprichosa.)

Mostrou-lhe a casa quando chegaram. Acomodaram-se no sofá. Descalçou-se. Pediu-lhe para escolher a música. Ele escolheu Rodrigo Leão – continuava a surpreendê-la, mais uma vez, pela positiva.
Ele perguntou-lhe algo que lhe parecia estar engasgado na garganta...
– Não tens vergonha de me cobrar assim o primeiro beijo?
Coraram os dois! E ela respondeu que não. Mas, de facto, até tinha.
Falaram, beijaram-se, tocaram-se... Começaram a entregar os corpos a um desejo incontornável. Os beijos iam variando de provocantes, extasiantes, estimulantes a doces, carinhosos, envolventes... As carícias iam-se misturando com o prazer, não deixando notar quem mais louco se sentia.

A dada altura, saltou-lhe para o colo, abraçou-o... Continuaram naquele ritual de entrega, de procura, de encontro. Adorava olhá-lo nos olhos. Sentia-o tão especial. Sentia milhares de sensações naquele místico olhar.

Ele tocou-lhe nos pés desnudos... Ela sentiu um arrepio que nunca tinha sentido antes. Até aí não gostava particularmente que lhe tocassem nos pés. Como foi possível ele ter descoberto uma forma magnífica e tântrica de lhe proporcionar arrepios de prazer tocando-lhe apenas com as pontas dos dedos?

Exploraram os corpos um do outro, calmamente, sem receios. Foram descobrindo as formas que povoavam aquelas roupas que se espalhavam pelo chão. Adorou sentir o toque dos dois corpos, o calor que libertavam. O desejo mútuo que os evadia.
Ele tinha mãos fortes e meigas e lábios deliciosamente preenchidos. Foi-lhe beijando cada parte do corpo conforme as descobria. A forma como a olhava, lhe tocava fez com que ela se sentisse maravilhosa.

Ela também o foi despindo, explorando aquele corpo magnífico num ritual de conhecimento. Adorou o cheiro da sua pele e a sensibilidade que ela mostrava, com o toque suave dos seus movimentos. Parecia pele de veludo, com um toque raro de seda. Eram tão boas as sensações que lhe provocava. Cada momento que viviam juntos era fantástico, extasiante.


Completamente loucos de desejo, já se arqueavam na súplica dos seus corpos. Foi então que ela lhe pegou na mão e o conduziu ao quarto.
[Ana Nogs]

>>> To be continued...

Thursday, October 9

Coud it be a love story? III – He



Dois olhares que se tocaram

III

He

As estrelas invejavam o brilho dos seus olhares. Perplexo pela intensidade que tinha acabado de vivenciar, pensou num último copo no Bar do Peixe (que diferença faria chegar meia hora ou duas horas atrasado ao jantar?).

Conduziu com dificuldade; perturbava-lhe a concentração sentir aqueles olhos e aqueles lábios ao seu lado, talvez tão embevecidos como ele se sentia.

Os olhares, os toques e as conversas cúmplices junto à cerveja preta continuaram a revelar algo que era inesperado, mas deliciosamente bom. Ele deleitava-se com a tranquilidade que emanava agora dela, contrastando com o nervosismo de há algumas horas atrás. Surpreendia-se também consigo próprio, pela calma que sentia e pelo prazer de gozar o momento e apenas isso, sem preocupações e pensamentos no condicional (os típicos “e se…?”).

Já no caminho de Lisboa, o semáforo simpatizou com ele e ofereceu-lhe um vermelho. Pôde assim consolar um pouco mais o seu forte desejo de beijar aquela boca deliciosa. Ela, visivelmente, agradeceu, algo surpreendida.

E nesse momento pensou em como faria no dia seguinte para conseguir algumas horas com ela.


[Lu Romero]

>>> To be continued...