IV
He
Um almoço familiar – uma boa forma de debelar a ressaca. Expectante, mas não ansioso, pela tarde que se avizinhava, voou para Lisboa no seu Peugeot.
Ela estava algo nervosa. Ele também, mas tentava dissimular. De certa forma, este encontro deixava-o mais tenso do que o do dia anterior. Pelo menos, um dia antes não tinha nada a perder se o encontro não corresse bem. Desta vez, havia uma magia que se tinha criado e que não sabia se seria igual.
Optou pela sua costumeira abordagem: a brincadeira. A melhor forma que conhecia para dissimular nervosismo e insegurança.
Não sabia o que ia acontecer. Receoso de que a ideia dela sobre aquele encontro fosse diferente da dele, optou por ser cauteloso. Mas a verdade é que o desejo o estava a deixar louco.
Quando ela lhe disse que se ia descalçar, ele sentiu um arrepio forte na espinha. A sua tara por pés seria descoberta, certamente.
Os pés dela eram lindos! Egípcios, tal como ele imaginava – tinha desenvolvido esta capacidade de imaginar a forma dos pés a partir das mãos, e ainda se deleitava quando acertava (e ainda mais quando era agradavelmente surpreendido).
Ainda meio abananado, ela pediu-lhe para escolher música. Em cheio, é coisa que ele adora fazer (na casa dos outros). O Rodrigo Leão pareceu ser para ela uma boa escolha (“Boa, rapaz, marcaste um ponto!”).
Beijaram-se e ele voltou a sentir aquela magia do dia anterior. Ela demonstrava um desejo intenso, mas logo em seguida parecia retrair-se, receosa. Ao mesmo tempo que isto o baralhava ainda mais, também o espicaçava e lhe dava mais vontade de tocar-lhe e de sentir o seu corpo nu junto ao dele.
Num misto de tesão e vergonha, ela entregava-se e tremia com o toque dele em zonas ainda por descobrir, para logo a seguir voltar a cobrir-se com a camisola que ele paulatinamente procurava afastar.
Sem conseguir resistir muito mais, tocou-lhe nos pés. Ela estremeceu, mas muito rapidamente se notou que gostava. A ele, claro que o excitava loucamente, mas já não conseguia raciocinar de forma muito clara. Queria-a, ali, naquele momento, já, toda.
A língua dela deixava-o fremente de prazer, de tão suave e quente. A pele dela, arrepiada de prazer, e ao mesmo tempo com um toque acetinado irresistível, pedia-lhe para que lhe tocasse. Obediente, ele procurava desbravar todo aquele território com a plenitude dos seus sentimentos: o sabor dela, o cheiro dela, o toque dela.
Não ia resistir muito mais. Como se ouvisse os gritos de desejo dele, de que apenas tinha conseguido emitir uma ínfima parte sob a forma de gemidos suaves, ela ajudou-o a despi-la.
[Lu Romero]
>>> To be continued...