Dois olhares que se tocaram
V
He
Ela, quente e húmida, aguardava-o, e aceitou que ele entrasse, ternamente. Sentia que ela estava ultra-excitada, mas ele estava de alguma forma diminuído fisicamente, para além de ainda não conhecer todas as subtilezas do corpo dela, tudo o que poderia excitá-la ou não. Foi por isso cuidadoso, mais reactivo do que pró-activo.
Ela observava-o, e a ele isso agradava – porque não se limitava a observar passivamente. Calmamente, ele ia procurando os desejos, os toques, as formas que a enlouqueceriam. Decidiu-se acima de tudo a dar-lhe prazer. A dança decorria sem pressas, ambos descobrindo-se mutuamente num prazer que não procurava amanhãs nem porquês.
Como num sonho em que se acorda a meio porque se tem de ir beber água, ela foi atender o telefone que tocava (pelos vistos, de forma insistente). Mas, tal como tantas vezes desejamos quando o sonho é bom, ela voltou e o sonho retomou-se no ponto onde se tinha interrompido. E assim ela se veio, de forma algo discreta, mas com um sorriso extasiante (e extasiado). E ele sorriu, contente pelo orgasmo dela.
Ele queria ficar com ela por mais tempo (horas?), mas tinham de se despedir brevemente. Evitando as despedidas prolongadas, ele reformulou o desejo da visita dela a Barcelona. Queria prová-la mais, queria tê-la e ser dela por mais algum tempo.
Esquiva, ela nada prometeu. E ele, ficou com a única resposta que poderia ouvir naquele momento.
Esquiva, ela nada prometeu. E ele, ficou com a única resposta que poderia ouvir naquele momento.
Antes que começasse a pensar se aquele seria o último momento em que estavam juntos, ele vestiu-se e tentou começar a pensar imediatamente no que tinha para fazer em seguida.
Despediram-se com um “até logo” (aliás, dois, um de cada), que de certa forma ajudou-o a não pensar na hipótese daquela ser a derradeira despedida.
Já na rua, decidiu-se a pensar principalmente nas coisas que tinha combinadas. Mas sabia que aqueles momentos tinham deixado uma marca indelével. “Será esta a sensação de viver o momento apenas pelo momento, sem misturar passados e futuros?”
Sorriu, mesmo sem estar seguro da resposta.
[Lu Romero]
>>> To be continued...
4 comments:
Nogs,
Não há nada como viver o momento como se não houvesse amanhã.
Beijinhos.
Ai, estou cada vez mais apaixonada por esta história.
Ansioso pela continuação...
Nogs,
Hoje deixo-te um beijinho por aqui.
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