Dois olhares que se tocaram
I
She
Ela nunca imaginou que seria assim conhecê-lo... Todo ele emanava uma luz forte, intensa, que a embriagava plenamente.
Observou os seus olhos com curiosidade, pois saltavam deles leves sorrisos de doçura. As suas mãos tremiam de tanto nervosismo, esperava há tanto aquele momento e, no entanto, estivera quase para desistir... (Desistir?!) Sim, desistir. Assaltava-a um medo imenso de não corresponder à imagem que ele pretendia. E ela, será que gostaria de o conhecer melhor?
Desconcentrava-a o facto de ele parecer tão descontraído (mais tarde ele também lhe explicou o porquê da sua aparente tranquilidade), quase lhe parecia indiferente à sua presença... Apeteceu-lhe fugir nesse momento.
Mas seria imensa a humilhação de desistir naquele momento. E, de qualquer forma, sentia-se cada vez mais impregnada pelos seus olhos, pelo desejo de o conhecer melhor. Olhos de fogo, os dele!
Deixou-se levar pelas conversas que se encadeavam umas nas outras e pela curiosidade mútua que sentiam de se conhecerem melhor. Olhava fixamente os seus lábios enquanto ele a fazia sorrir com o que dizia. Mais uma vez se viu ser surpresa pela sua escolha... Às vezes parecia que a conhecia desde sempre. Aquele local... O cheiro do mar que ela tanto adorava, a mistura da humidade com a sua pele, o vento a
acariciar-lhe o cabelo, a música que o som das ondas do mar libertavam... Que ambiente maravilhoso para o conhecer. Que tarde de sonho! Que loucura!
As horas passaram sem que se apercebessem disso, olhavam para o mar depois do almoço e mais uns quantos cigarros (ela fumava que nem uma louca, não conseguia controlar a felicidade e/ou ansiedade)... Partiram para uma outra praia e, enquanto o tempo passava, sentia uma vontade cada vez mais crescente de o ter. Desafiou-o para irem ver o mar mais perto, ele sorriu com um ar doce e disse: Achas que consegues?
Ela corou.. Mas começou imediatamente a andar sobre as pedras em direcção ao mar e disse-lhe: Se me desequilibrar posso segurar-me a ti.
Aqueles saltos altos, finos e frágeis não se enquadravam naquele itinerário, mas não foi isso que a fez desistir e ficar para trás. Talvez tenha sido esse o melhor acaso do dia! Sim, foi devido ao seu ar desastrado a andar que teve o primeiro contacto com o seu corpo.
Agarrou-lhe a mão com ternura como se o único objectivo fosse não cair.
Mas a verdade é que adorou o facto de poder ter uma desculpa para se aproximar.
Era tão forte, tão mágica a sensação que tinha estando com ele ao seu lado. Olhos nos olhos, perdeu-se no seu olhar...
Apressou o passo em direcção ao areal pequeno que se escondia num canto da praia, olhou para as ondas e viajou durante breves instantes. Quando olhou de novo, ele continuava ao seu lado. As ondas aproximavam-se e reduziam a passagem.
Correram em direcção às pedras, mas desta vez abraçados em breves momentos. Sentiu todos os seus sentidos em completa confusão.
Decidiram sentar-se a contemplar a paisagem magnífica que os rodeava. Ele estava praticamente em silêncio, ela falava nem sabia bem de quê... O olhar perdido dele nesse final de tarde era encantador.
Qualquer sereia que saísse de uma história fantástica, ou rompesse daquele mar imenso, se sentiria atraída pela sua doçura. O feitiço iria inverter-se... Seria ela quem ficaria encantada com a sua voz, os seus gestos, as seus olhos e até pelo seu silêncio.
Era impossível resistir a alguém como ele, era impossível resistir-lhe!
Aquele pôr-do-sol ficou marcado no seu olhar, os seus olhos brilham cada vez que viaja ao encontro de momentos tão intensos.
Tudo nele era fascinante. Perdeu-se ao seu lado contemplando aqueles lábios deliciosos. Pareciam-lhe pedaços de espuma, de morangos, de melancia... Deu-lhe um beijo na face esquerda, a sua pele era aveludada e macia. Queria tanto beijá-lo! Mais e mais... Mas não sabia se devia. Não sabia se ele também o desejava tanto como ela.
Percebeu finalmente o porquê do seu silêncio.
Pensaram no mesmo. Cruzaram os olhares. Desejavam-se mutuamente em silêncio.
Beijou-o ou deixou que a beijasse? Não interessa.
Importa sim a magia daquele momento. Momento em que sentira os seus lábios entregarem-se sem medo, cheios de emoção, cobertos de desejo.
Coraram os dois (pelo menos por dentro). Sorriram e abraçaram-se, envolveram-se um no outro.
Os seus beijos eram magníficos. Nunca eram monótonos nem iguais. Às vezes sabiam a algodão doce, outras a pimenta. Ora eram suaves como uma fita de cetim, ora selvagens como raios fulminantes de sol.
Eram tão diferentes, mas faziam uma combinação fantástica enquanto estavam juntos. Beijaram-se até o sol se esconder.
[Ana Nogs]
10 comments:
Gostei :)
Hummm... que esta história promete!!!
Já me deixaste com curiosidade para ler o seu seguimento. Por enquanto limito-me a descrever este momento da história assim:
Num lindo pôr do sol
Tu e ele sós na areia
Ante a vastidão do mar
Num calor que se ateia
Em côr laranja-fogo
De um cogumelo nuclear...
Será que estavas a sonhar...
Ou seria o início de uma verdadeira e entusiasmante história de amor?
Será que ele vai apanhar a lava...???
Beijinhos.
Que lindo!!!! Sem palavras.
Gostei mesmo muito! Que texto mais lindo! A sério, toca mesmo!
Beijocas, querida, parabéns a ambas!
O melhor silêncio que se pode pedir...
Beijinhos
Nogs,
Vim deixar-te um beijinho.
Salto -Alto,
A ambas?
Sou eu e o Lu Romero e esta primeira parte fui eu que escrevi, na parte que vai aparecer como "HE" é que foi ele:P
Beijocas e obrigada
Linda estória de amor...
Beijinho :)
querida bela, q lindo, mesmo...
gostei...ate logo bjs
toscano
Um "pas de deux "dançado no palco de areal e águas espumadas.
Depois a coreografia desenhada a duas mãos é um encanto.
Parabéns.
Bj.
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