Dois olhares que se tocaram
II
He
Ele estava louco para tocar-lhe, já desde o almoço, em que o decrescente estado de tensão dela lhe tinha desvelado uma mulher, com uma maturidade e uma sensibilidade absolutamente arrebatadoras. Agora que o momento se concretizava, ele queria que tudo fosse perfeito. E estava a ser: a boca dela que procurava a forma como ele gostava de ser beijado, as línguas que se entendiam como se estivessem apenas à espera de se encostarem para iniciar aquela dança (por vezes frenética, por vezes numa calma busca do prazer do outro). E as mãos dela, tímidas mas voluntariosas, que demonstravam querer explorar o corpo dele, para descobrir outros interruptores para aqueles gemidos de desejo que não conseguia deixar de emitir.
As várias dimensões dela – frágil, sedutora, tímida, dominadora, dominada – projectavam uma imagem multidimensional que o encantava. Tal como ele sempre adorou, permitia-lhe assumir o papel de líder para logo em seguida passar a liderado, num jogo de permanente troca de perfis que só ajudava a tornar aqueles momentos ainda mais especiais.
Sentia um desejo intensíssimo, enriquecido pelo facto de não se turvar com questões sobre quanto tempo iria durar aquela felicidade – era aquele momento que interessava.
Os corpos revelavam aquilo que ambos pretendiam controlar, por esta ou aquela razão. Os arrepios eram consecutivos, à medida que as mãos e os lábios dela descobriam mais uma forma de o enlouquecer de desejo. Ele queria também descobrir tudo nela, e as suas mãos pareciam, instintivamente, saber o que faziam. Os sorrisos, o cheiro, os tremores e os subtis gemidos dela mostravam-lhe alguns dos (preciosos) paraísos que o seu corpo abrigava.
Desejava-a intensamente, mas queria descobrir o seu corpo duma forma plena e rica, incompatível com o espaço exíguo de um carro. Por isso, e com uma tranquilidade algo surpreendente – talvez apoiada numa crença forte de que aqueles momentos seriam brevemente retomados –, ele parou e seguiram viagem. Para mais um copo, antes dos compromissos dele nessa noite. Mas iniciaram também uma viagem a dois que estava longe de terminar nesse dia.
[Lu Romero]
>>> To be continued...
7 comments:
Tu escreves mesmo fantasticamente bem, fico encantada e a sonhar com cada história tua! beijinho!
Querida, obrigada.
Mas tu és mesmo uma distraída! Apesar das etiquetas e da assinatura (Lu Romero) ainda não reparaste que esta história aparece escrita sob duas versões, a minha (She) e a do meu borracho (He)?
:P
Agradeço imenso o teu carinho e elogios, mas estes são para ele, pois é o autor deste texto.
Beijocas, querida!
Tá a ser muito bom seguir a história destes dois...eheh
A reter?
"...era aquele momento que interessava."
Algo que por vezes nos esquecemos...
Beijinho
Lindo.
Uma viagem, capaz de ultrapassar as barreiras das estações do ano, e de completarem um ciclo completo.
.....oooO.............
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.....)../. ...(....)..
.....(_/.......)../...
.............. (_/....
Beijinhos
Há muito tempo que cá não vinha.
O seu blog continua atraente e com qualidade.
Cumprimentos
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