Monday, December 8

Às vezes de Noite... Digo adeus.

Às Vezes de[a] Noite acaba aqui!





Obrigada a todos que preencheram este espaço de sorrisos e palavras. Mesmo quando o meu coração apenas tinha dúvidas e medos.

See you here:

Wednesday, December 3

Could it be a true love story? – The end [of the story]



Muito se passou entretanto depois desses primeiros momentos em que eles se conheceram. Viviam em mundos/países diferentes e ocasionalmente continuavam a encontrar-se um no outro...



Dessa história nasceu um verdadeiro amor, com muito sofrimento e felicidade que caminhavam de mãos dadas. Surgiu o amor pelo amor e um futuro incerto para ele(s).
Mas tudo o que viveram e sentiram era só deles e de mais ninguém, e isso ninguém lhes pode tirar.

O AMOR PELO AMOR


Acordar a meio da noite com o coração aos pulos como se a respiração fosse rebentar naquele preciso momento.
Esquecer que se está sozinho. Que a cama está vazia e que, mesmo assim, não te apetece sair dela. A chuva bate na janela como se alguém chamasse por ti constantemente.
Reviras-te e aninhas-te de novo no teu mundo.
Fartaste-te de ter alguém só por ter ou porque sabe bem simplesmente saber que se tem alguém.

Tu... És como eu. Fartaste-te da banalidade com que se usa a palavra amor. E agora já nem sequer a pronuncias a ninguém. Se perdeste o significado dela? Se desacreditas nos que ta disseram ao longo dos tempos? Não sei.
O Amor pelo Amor...
Esquece as palavras!
Ouve o som das gotas de chuva que suplicam por um olhar teu.
Sente o calor dos raios de sol que se rasgam intensamente só para sentirem o toque da tua pele.
Abre os braços e abraça o vento, porque ele sopra louco na ânsia de te encontrar.
Faz castelos na areia, mergulha no mar, passeia pelo campo, sente o cheiro das flores... Porque todos mostram o seu esplendor só para ti.

Esquece tudo, esquece todas as banalidades do dia-a-dia, esquece as conversas de ocasião, esquece os
 compromissos, as promessas, as desilusões, esquece.

Ama sem medo, sem receios.
Eu estou farta desta censura. Aborrece-me que todos me digam que devia fazer "assim ou assado", porque lhes custa quando me vêm sofrer.
Mas o que é afinal o amor sem sofrimento? Será que ainda acreditam em contos de fadas?
Eu acredito em ti, só em ti se existires e acreditares no que digo não só por dizer. No que sinto sem receio 
de o continuar a sentir.

Umas lágrimas aqui, outras ali. Umas noites sem dormir. O jantar que se esqueceu. O ar pálido de saudade. Tudo em vão, dizem-me...
Mas eles não viram, não sentiram o suave toque da tua pele. O teu sorriso brilhava de tantas e tantas formas em cada momento que me olhavas. Não sabem, não sentem a beleza do que me disseste tantas vezes com um simples olhar.
Censuram-me, dizem-me que devia ter alguém, que fique sempre, alguém que me dê estabilidade. Mas nunca me perguntaram se era isso que eu queria. Não é. Quero apenas guardar-te comigo. Não como uma caixinha de jóias ou como um objecto qualquer. Quero guardar-te como és.
Perguntam-me se todos os riscos, ou todo o sofrimento é compensado pelos breves momentos em que existimos juntos... Nesta utopia.
A minha resposta é um sorriso mudo.
Se me perguntares o significado da palavra amor, não to saberei decerto dizer.
Sei uma coisa, tal como a chuva, o sol, o vento sabem de mim...
O Amor pelo Amor não se exprime por palavras.
(E aqui fica este espaço em branco para que saibas que é aqui, nele, que está exprimido o meu amor por ti)






Post publicado, anteriormente, aqui e aqui
E tal como tinha dito aqui, este é o penúltimo post, a última história (e a primeira) antes do fim do blog Às Vezes de Noite

Wednesday, November 26

Could it be a love story VI – He

Dois olhares que se tocaram

V

He

Ela, quente e húmida, aguardava-o, e aceitou que ele entrasse, ternamente. Sentia que ela estava ultra-excitada, mas ele estava de alguma forma diminuído fisicamente, para além de ainda não conhecer todas as subtilezas do corpo dela, tudo o que poderia excitá-la ou não. Foi por isso cuidadoso, mais reactivo do que pró-activo.

Ela observava-o, e a ele isso agradava – porque não se limitava a observar passivamente. Calmamente, ele ia procurando os desejos, os toques, as formas que a enlouqueceriam. Decidiu-se acima de tudo a dar-lhe prazer. A dança decorria sem pressas, ambos descobrindo-se mutuamente num prazer que não procurava amanhãs nem porquês.

Como num sonho em que se acorda a meio porque se tem de ir beber água, ela foi atender o telefone que tocava (pelos vistos, de forma insistente). Mas, tal como tantas vezes desejamos quando o sonho é bom, ela voltou e o sonho retomou-se no ponto onde se tinha interrompido. E assim ela se veio, de forma algo discreta, mas com um sorriso extasiante (e extasiado). E ele sorriu, contente pelo orgasmo dela.

Ele queria ficar com ela por mais tempo (horas?), mas tinham de se despedir brevemente. Evitando as despedidas prolongadas, ele reformulou o desejo da visita dela a Barcelona. Queria prová-la mais, queria tê-la e ser dela por mais algum tempo.
Esquiva, ela nada prometeu. E ele, ficou com a única resposta que poderia ouvir naquele momento.

Antes que começasse a pensar se aquele seria o último momento em que estavam juntos, ele vestiu-se e tentou começar a pensar imediatamente no que tinha para fazer em seguida.
Despediram-se com um “até logo” (aliás, dois, um de cada), que de certa forma ajudou-o a não pensar na hipótese daquela ser a derradeira despedida.

Já na rua, decidiu-se a pensar principalmente nas coisas que tinha combinadas. Mas sabia que aqueles momentos tinham deixado uma marca indelével. “Será esta a sensação de viver o momento apenas pelo momento, sem misturar passados e futuros?”

Sorriu, mesmo sem estar seguro da resposta.


[Lu Romero]


>>> To be continued...

Saturday, November 22

Could it be a love story VI – She

Dois olhares que se tocaram

VI

She


Deixou-o entrar dentro de si. Desejosa de o sentir puxou-o para cima do seu corpo. Pediu-lhe para ser meigo. Não por achar que ele não o seria, mas porque tinha receio que a magoasse sem saber. Ela era demasiado sensível em certas partes do corpo. Estava excitadíssima. Mesmo assim demorou algum tempo para ter coragem de o aceitar. Devagar, foram sentindo a mistura do prazer. O respirar dela, os gemidos de ambos.

Ela sentiu-o entrar carinhosamente. Sentiu milhares de borboletas e abelhas dentro do peito. O cérebro começou a dar voltas em espiral. Era tão maravilhoso senti-lo daquela forma. Trocaram de posição (gostava de o observar bem enquanto se movia).

Provocou-o. Provou-o. Cativou-o. Ele respondeu-lhe enlouquecendo-a. Maravilhando-a.
Num acto de "quero mais" (ou de falta de consciência).... Ele decidiu refazer-lhe o convite para Barcelona. Ela sentiu-se emocionada naquele momento. Disse-lhe que não, e mais tarde quando ele o repetiu, disse-lhe que talvez. Mostrou-se intrigada com essa possibilidade. Não esperava aceitar tal convite. Era perigoso demais fazê-lo. Estava feliz demais com AQUELE momento. Não queria pensar num futuro que talvez não viesse a existir – vive o presente – pensava... Então continuou no presente e parou de pensar nesse convite.

Estiveram num ritual dinâmico e amoroso durante algum tempo. Extasiados nem repararam que o telemóvel dela não parava de tocar. Acordou daquele sonho. Num impulso, chegou à realidade. Era a sua irmã... Tinha combinado estar com ela ao fim da tarde. Também ele estava atrasado para um ensaio com os amigos. Perderam-se um no outro e nas teias que teciam. Desejavam continuar naquele encantamento mas, mais uma vez, o tempo mostrou-se pouco meigo.
Beijaram-se. Fizeram sexo com desejo. Ele levou-a ao clímax de uma forma maravilhosa. Trocaram carícias ternas. Vestiram-se.

Os corpos ainda queimavam de prazer. Despediram-se à porta de casa. Ela não quis acompanhá-lo até ao carro (seria criar uma agonia desnecessária). Ele também detestava despedidas. Beijou-a nos lábios e nas faces (ainda quentes).
– Até logo, guapa!
Virou-se para ir embora. Ela (querendo-o mais uma vez) puxou-o pela mão contra o seu corpo e deu-lhe mais um beijo.
– Até logo. – Respondeu-lhe.
Mesmo sabendo que talvez não existisse um mais logo com ele.

Foi tudo tão rápido. Tão intenso...
Seguiu em frente com a sua vida. Um jantar com os amigos, uns copos no Bairro Alto. Ficou com um sabor doce nos lábios, um prazer imenso no corpo, um sorriso tolo na cara, que era impossível não se notar.
Ali, naqueles precisos momentos, foi muito feliz!

Olhou para trás e pensou: Quem diria? A felicidade por vezes vem mesmo em busca de nós.


[Ana Nogs]

>>> To be continued...

Monday, November 17

Could it be a love story V – He

Pic by aknacer


Dois olhares que se tocaram

V

He


Já nus, dirigiram-se para a cama. Ela ia à frente, e a visão traseira do corpo dela deixou-o ainda mais excitado. Gostava de senti-la a tomar a iniciativa.
Ela estava receosa e inibida, e ele também algo nervoso pela emoção da primeira vez, mas decidiu que queria explorar aquele corpo delicioso que se lhe apresentava. Controlou-se para não se centrar nos seus seios – muito a custo, pois a sua forma perfeita, a textura suave e os mamilos saborosos deixavam-no semi-louco – e iniciou uma primeira exploração pelo seu corpo. Com os lábios, roçou-lhe a pele e percorreu-a calmamente, encontrando os seus pontos mais sensíveis. Começou a notar que alguns tremores dela já não eram de nervosismo.
Beijou-lhe um pé; sentiu que ela gostou, mas achou por bem não deixar para já evidenciar a sua tara. A sua língua subiu pelas pernas dela, até encontrar o ponto em que sabia que ela se iria entregar. Aí, sentiu o seu sabor doce pela primeira vez, e fê-la substituir os tremores nervosos por estertores de prazer.
Estava húmida, como que a preparar-se para que ele entrasse nela.
Decidiu assumir o comando das operações, e isso agradou-lhe; ele gostava destas inversões de papéis.
Então foi ela que lhe beijou o peito – que ele receava que não a fosse atrair, em virtude dos pêlos – e chegou ao seu sexo. Depois de alguns momentos de inibição da parte dela, tornou-se mais decidida. Isso excitou-o, e notou que isso também contribuía para a excitação dela.Ela queria que ele entrasse. Dentro dela. Ela esperava-o, ansiosa para que ele entrasse. Ele não se iria fazer rogado a semelhante convite.


[Lu Romero]


>>> To be continued...

Friday, November 7

Could it be a love story V – She

Pic by rosiehardy

Dois olhares que se tocaram
IV

She


Caminharam nus de mãos dadas. Caíram sobre a cama. Entregaram-se. Foram cedendo à súplica permanente de dois corpos que se desejavam loucamente.
Ele começou a percorrer cada pedaço da sua pele. Os lábios foram descobrindo o sabor, a textura, o calor de cada pedaço mais secreto dela.

Beijou-a com lábios de pétalas de rosa. Pareceu-lhe emocionado, encantado com aquele momento (se bem que, também, bastante nervoso). Apesar de muitas vezes se guiar por instintos animalescos (queria o corpo dela, todo na sua essência!)... Demonstrava mais que esse desejo físico, desejava também a alma que o habitava.
Ela estava nervosa (muito trémula). Tinha o corpo quente, sedento dele. No entanto, retraiu-se várias vezes. Sentia o coração explodir de tanto palpitar. Tinha medo de não conseguir devolver-lhe a magia que ele lhe incitava.

Ele beijou-lhe os pés e foi desenhando o caminho até à testa dela. Foi alucinando-a, com mãos hesitantes entre atrevidas e meigas. Tocou-lhe também com curiosidade.
Ela tornou-se mais desinibida e trocou carícias de júbilo! Ele fascinou-a pela forma maravilhosa de cativar todos os seus sentidos. Excitou-se com os seus gemidos de prazer, ele punha-a ainda mais louca ao deixar que se notasse, também, o corpo dele a contorcer-se de desejo.

Beijou-o nos lábios, mostrou-lhe um sorriso maroto de "quero-te" – dentro de mim– e puxou-o.
Percorreu as linhas que marcavam aquele tronco apetecível. Mordiscou-lhe os mamilos e rodeou várias partes com a língua. Foi deslizando, circundando o seu corpo. Mimou o sexo dele, bastante envergonhada, inicialmente. Mas depressa se aventurou a beijá-lo, lambê-lo também.
Trocaram de papéis, várias vezes – dominadora, dominada; dominador, dominado). Era deliciosa aquela sensação.

[Ana Nogs]

>>> To be continued...

Wednesday, October 29

Coud it be a love story? IV – He

Pic by rosiehardy

Dois olhares que se tocaram

IV

He

Um almoço familiar – uma boa forma de debelar a ressaca. Expectante, mas não ansioso, pela tarde que se avizinhava, voou para Lisboa no seu Peugeot.

Ela estava algo nervosa. Ele também, mas tentava dissimular. De certa forma, este encontro deixava-o mais tenso do que o do dia anterior. Pelo menos, um dia antes não tinha nada a perder se o encontro não corresse bem. Desta vez, havia uma magia que se tinha criado e que não sabia se seria igual.

Optou pela sua costumeira abordagem: a brincadeira. A melhor forma que conhecia para dissimular nervosismo e insegurança.

Não sabia o que ia acontecer. Receoso de que a ideia dela sobre aquele encontro fosse diferente da dele, optou por ser cauteloso. Mas a verdade é que o desejo o estava a deixar louco.

Quando ela lhe disse que se ia descalçar, ele sentiu um arrepio forte na espinha. A sua tara por pés seria descoberta, certamente.

Os pés dela eram lindos! Egípcios, tal como ele imaginava – tinha desenvolvido esta capacidade de imaginar a forma dos pés a partir das mãos, e ainda se deleitava quando acertava (e ainda mais quando era agradavelmente surpreendido).

Ainda meio abananado, ela pediu-lhe para escolher música. Em cheio, é coisa que ele adora fazer (na casa dos outros). O Rodrigo Leão pareceu ser para ela uma boa escolha (“Boa, rapaz, marcaste um ponto!”).

Beijaram-se e ele voltou a sentir aquela magia do dia anterior. Ela demonstrava um desejo intenso, mas logo em seguida parecia retrair-se, receosa. Ao mesmo tempo que isto o baralhava ainda mais, também o espicaçava e lhe dava mais vontade de tocar-lhe e de sentir o seu corpo nu junto ao dele.

Num misto de tesão e vergonha, ela entregava-se e tremia com o toque dele em zonas ainda por descobrir, para logo a seguir voltar a cobrir-se com a camisola que ele paulatinamente procurava afastar.

Sem conseguir resistir muito mais, tocou-lhe nos pés. Ela estremeceu, mas muito rapidamente se notou que gostava. A ele, claro que o excitava loucamente, mas já não conseguia raciocinar de forma muito clara. Queria-a, ali, naquele momento, já, toda.

A língua dela deixava-o fremente de prazer, de tão suave e quente. A pele dela, arrepiada de prazer, e ao mesmo tempo com um toque acetinado irresistível, pedia-lhe para que lhe tocasse. Obediente, ele procurava desbravar todo aquele território com a plenitude dos seus sentimentos: o sabor dela, o cheiro dela, o toque dela.

Não ia resistir muito mais. Como se ouvisse os gritos de desejo dele, de que apenas tinha conseguido emitir uma ínfima parte sob a forma de gemidos suaves, ela ajudou-o a despi-la.


[Lu Romero]


>>> To be continued...

MGMT - Love Always Remains

Tuesday, October 21

Could it be a love story IV – She


Pic by aknacer

Dois olhares que se tocaram
IV
She

Amanheceu aconchegada. Transportava nos lábios o sabor doce do dia anterior. Levantou-se, acordando aos poucos, foi dar um passeio pelas ruas da baixa de Lisboa.
Voltou para casa à hora de almoço. Mas não se lembrou de almoçar. Alimentou-se de mais uns cigarros, água, música e um livro. Esperou-o bastante mais tranquila do que no dia anterior, mas talvez ainda mais ansiosa. Seria tão bom estar de novo com ele.

Finalmente encontrou-o; depois de correr a rua Ferreira Borges quase toda. Foi um encontro muito desejado e bastante engraçado da forma como começou. As suas mãos tremiam menos, apesar do seu peito palpitar muito mais. Ele ofereceu-lhe um daqueles sorrisos e perguntou-lhe em tom de brincadeira:
– Estavas à minha procura?
Ela respondeu-lhe, também com um ar travesso:
– Nem por isso, procurava outra pessoa... mas como tu és bem mais interessante... (riu como uma menina caprichosa.)

Mostrou-lhe a casa quando chegaram. Acomodaram-se no sofá. Descalçou-se. Pediu-lhe para escolher a música. Ele escolheu Rodrigo Leão – continuava a surpreendê-la, mais uma vez, pela positiva.
Ele perguntou-lhe algo que lhe parecia estar engasgado na garganta...
– Não tens vergonha de me cobrar assim o primeiro beijo?
Coraram os dois! E ela respondeu que não. Mas, de facto, até tinha.
Falaram, beijaram-se, tocaram-se... Começaram a entregar os corpos a um desejo incontornável. Os beijos iam variando de provocantes, extasiantes, estimulantes a doces, carinhosos, envolventes... As carícias iam-se misturando com o prazer, não deixando notar quem mais louco se sentia.

A dada altura, saltou-lhe para o colo, abraçou-o... Continuaram naquele ritual de entrega, de procura, de encontro. Adorava olhá-lo nos olhos. Sentia-o tão especial. Sentia milhares de sensações naquele místico olhar.

Ele tocou-lhe nos pés desnudos... Ela sentiu um arrepio que nunca tinha sentido antes. Até aí não gostava particularmente que lhe tocassem nos pés. Como foi possível ele ter descoberto uma forma magnífica e tântrica de lhe proporcionar arrepios de prazer tocando-lhe apenas com as pontas dos dedos?

Exploraram os corpos um do outro, calmamente, sem receios. Foram descobrindo as formas que povoavam aquelas roupas que se espalhavam pelo chão. Adorou sentir o toque dos dois corpos, o calor que libertavam. O desejo mútuo que os evadia.
Ele tinha mãos fortes e meigas e lábios deliciosamente preenchidos. Foi-lhe beijando cada parte do corpo conforme as descobria. A forma como a olhava, lhe tocava fez com que ela se sentisse maravilhosa.

Ela também o foi despindo, explorando aquele corpo magnífico num ritual de conhecimento. Adorou o cheiro da sua pele e a sensibilidade que ela mostrava, com o toque suave dos seus movimentos. Parecia pele de veludo, com um toque raro de seda. Eram tão boas as sensações que lhe provocava. Cada momento que viviam juntos era fantástico, extasiante.


Completamente loucos de desejo, já se arqueavam na súplica dos seus corpos. Foi então que ela lhe pegou na mão e o conduziu ao quarto.
[Ana Nogs]

>>> To be continued...

Thursday, October 9

Coud it be a love story? III – He



Dois olhares que se tocaram

III

He

As estrelas invejavam o brilho dos seus olhares. Perplexo pela intensidade que tinha acabado de vivenciar, pensou num último copo no Bar do Peixe (que diferença faria chegar meia hora ou duas horas atrasado ao jantar?).

Conduziu com dificuldade; perturbava-lhe a concentração sentir aqueles olhos e aqueles lábios ao seu lado, talvez tão embevecidos como ele se sentia.

Os olhares, os toques e as conversas cúmplices junto à cerveja preta continuaram a revelar algo que era inesperado, mas deliciosamente bom. Ele deleitava-se com a tranquilidade que emanava agora dela, contrastando com o nervosismo de há algumas horas atrás. Surpreendia-se também consigo próprio, pela calma que sentia e pelo prazer de gozar o momento e apenas isso, sem preocupações e pensamentos no condicional (os típicos “e se…?”).

Já no caminho de Lisboa, o semáforo simpatizou com ele e ofereceu-lhe um vermelho. Pôde assim consolar um pouco mais o seu forte desejo de beijar aquela boca deliciosa. Ela, visivelmente, agradeceu, algo surpreendida.

E nesse momento pensou em como faria no dia seguinte para conseguir algumas horas com ela.


[Lu Romero]

>>> To be continued...

Tuesday, September 30

Could it be a love story? III – She

Pic by by aknacer

Dois olhares que se tocaram

III

She

A noite mostrou-se doce quando chegou. Não sabia se pelo seu sorriso ou se pelo brilho do seu olhar... Estava iluminada pela entrega desejada por dois lábios que se uniram. Foi desenhada pelas linhas que marcavam a junção de dois corpos que se ansiavam.

Ele arrancou da praia à qual chamava praia microondas.... Quem se lembraria de colocar esse nome a um local como aquele? Fez uma quase dissertação para lhe explicar o porquê desse nome.

Ela sorriu escutando atentamente aquela explicação que quase lhe pareceu ridícula, mas que até fazia bastante sentido. Ele falava com tanta convicção que a fez acreditar que não existiria um nome mais certo para lhe atribuir.

A viagem foi extremamente agradável, foi mais que isso e tanto mais...

Trocavam olhares cúmplices e carícias deliciosas. O olhar dela derretia-se, enquanto ele tentava fixar os olhos na estrada. Era magnífica aquela sensação tranquila de felicidade inesperada.

De quando em quando, ele lançava-lhe aquele olhar penetrante e acariciava-lhe as mãos num tom carinhoso. Ela acariciava-lhe o rosto e o pescoço e dava-lhe leves beijos onde chegava. Teve o tempo necessário para acalmar o seu peito e o observar calmamente. Era lindo, sedutor, maravilhoso e tinha algo único que a atraía profundamente.

Chegaram. O bar onde a pensava levar estava fechado. Tudo era novo – para ela – naquele espaço em que se envolveram.

Passearam de mãos dadas. Quem os visse partilhar aqueles momentos facilmente os confundiria com um casal apaixonado... Mas a realidade era totalmente diferente. Eram duas pessoas fascinadas com o momento que partilhavam. Não existia um antes nem se preocupavam em pensar num depois (pelo menos para já). Desejavam-se, indiscutivelmente, cada vez mais.

Ficaste com algo de mim e eu guardei parte de ti – pensou ela.

Entraram num restaurante/bar lá perto. Beberam mais uma cerveja – desta vez optaram ambos por preta – enquanto conversavam. O desejo estava patente nos olhos de qualquer um deles. Mas tinham uma tranquilidade que quase parecia estranha. Trocaram carinhos e alguns beijos inocentes.

Quando saíram, ela caminhava mais à frente. Num impulso do momento olhou para trás... Queria tanto beijá-lo de novo! Ele brincou com a situação dizendo que não ia fugir. Abraçaram-se de novo. Olharam por segundos a paisagem linda que também a noite lhes tinha oferecido... E o tempo, invejoso de tais momentos, decidiu farpá-los de novo com um toque de realidade.

Despediram-se por essa noite, com a promessa de um encontro amanhã.

[Ana Nogs]

>>> To be continued...

Tuesday, September 23

Coud it be a love story? II – He

Pic by Firenzesca

Dois olhares que se tocaram

II

He

Ele estava louco para tocar-lhe, já desde o almoço, em que o decrescente estado de tensão dela lhe tinha desvelado uma mulher, com uma maturidade e uma sensibilidade absolutamente arrebatadoras. Agora que o momento se concretizava, ele queria que tudo fosse perfeito. E estava a ser: a boca dela que procurava a forma como ele gostava de ser beijado, as línguas que se entendiam como se estivessem apenas à espera de se encostarem para iniciar aquela dança (por vezes frenética, por vezes numa calma busca do prazer do outro). E as mãos dela, tímidas mas voluntariosas, que demonstravam querer explorar o corpo dele, para descobrir outros interruptores para aqueles gemidos de desejo que não conseguia deixar de emitir.

As várias dimensões dela – frágil, sedutora, tímida, dominadora, dominada – projectavam uma imagem multidimensional que o encantava. Tal como ele sempre adorou, permitia-lhe assumir o papel de líder para logo em seguida passar a liderado, num jogo de permanente troca de perfis que só ajudava a tornar aqueles momentos ainda mais especiais.

Sentia um desejo intensíssimo, enriquecido pelo facto de não se turvar com questões sobre quanto tempo iria durar aquela felicidade – era aquele momento que interessava.

Os corpos revelavam aquilo que ambos pretendiam controlar, por esta ou aquela razão. Os arrepios eram consecutivos, à medida que as mãos e os lábios dela descobriam mais uma forma de o enlouquecer de desejo. Ele queria também descobrir tudo nela, e as suas mãos pareciam, instintivamente, saber o que faziam. Os sorrisos, o cheiro, os tremores e os subtis gemidos dela mostravam-lhe alguns dos (preciosos) paraísos que o seu corpo abrigava.

Desejava-a intensamente, mas queria descobrir o seu corpo duma forma plena e rica, incompatível com o espaço exíguo de um carro. Por isso, e com uma tranquilidade algo surpreendente – talvez apoiada numa crença forte de que aqueles momentos seriam brevemente retomados –, ele parou e seguiram viagem. Para mais um copo, antes dos compromissos dele nessa noite. Mas iniciaram também uma viagem a dois que estava longe de terminar nesse dia.

[Lu Romero]

>>> To be continued...

Friday, September 19

Could it be a love story? II – She


Dois olhares que se tocaram

II

She


Abriram os olhos e descobriram-se de novo. Ela estudava cada milímetro da sua cara, tentando conhecer melhor aquelas expressões. Adorava a expressividade dele! Durante o almoço tinha sorrido várias vezes com as suas facetas engraçadas.

Fazia bolas de ar enquanto explicava ou contava algo com entusiasmo. Era extremamente amoroso e, ao mesmo tempo, peculiar. Usava as mãos, os olhos, os lábios, todo o corpo se movia enquanto falava.

Achava tão sensual a forma única de se relacionar com ela. Mesmo antes de se beijarem o seu corpo já vibrava e suplicava para ser tocado. Ele tinha razão em relação ao desejo... Queria-o intensamente, verdadeiramente. Entregou-se.

Quando a noite os envolveu com uma panóplia de estrelas, já estavam rendidos ao desejo que ambos transpiravam. Estava frio. O vento gelava-lhe as faces rosadas de excitação. Era uma sensação que gostava!

Caminharam em direcção ao carro. Desta vez abraçados. Com troca de sorrisos, de olhares penetrantes, de carícias inocentes e até mesmo beijos extasiantes (como também ele os descreveu)... Foi curioso, ela não tinha medo do amanhã. Notou que sentia tudo diferente quando estava com ele. Descobriu, sem saber imediatamente, uma nova forma de felicidade...

Felicidade incondicional sem pensar se iria ou não acabar. Ele disse-lhe o quanto adorava o seu sorriso. Ela corava constantemente e deixava-se guiar pelas sensações. Era muito tímida, por vezes, outras era descaradamente sedutora. "Que menina louca", devia pensar ele, "parecem duas dentro de uma" (hummm... Um ménage à trois com uma só pessoa).


Já estavam há algum tempo dentro do carro. Completamente envolvidos, libertavam sorrisos ou suspiros de prazer. As palavras eram menos frequentes, mas o silêncio era também cúmplice daquela entrega mútua.

Silêncio. Ele era tão, tão fascinante! As expressões do seu olhar eram tão profundas, sinceras. Parecia-lhe extasiado, também ela viajava enquanto ele lhe tocava. Sentia um desejo impetuoso de o ter. Os seus lábios percorreram-lhe as veias até à loucura. Aquele espaço parecia pequeno para tanto desejo, no entanto queria-o mais, mais. Bruscamente, foi ele que saltou do banco do condutor para partilhar aquele onde ela estava. Chamam-lhe o banco/lugar do morto... Mas se existia algo inquestionável isso seriam as vibrações de vida/energia que ali se tocavam. A cumplicidade aumentava. Além das borboletas – será que ele se lembra delas? – que sentia no estômago, agora também palpitava de prazer.

Beijou-o de diferentes formas, ritmos e percorreu cada parte do seu rosto com os lábios. Fez-lhe leves carícias. Ao início sem se aventurar...

Posteriormente, levada pelo desejo, percorreu o pescoço dele com a língua quente de prazer, num movimento que a levava em direcção a um dos seus lóbulos. Ele demonstrava fisicamente o quanto também ansiava tocá-la e ser tocado em todos os sentidos. Discretamente foi descobrindo a sua pele. Primeiro acariciou-lhe as costas, depois expandiu aos poucos os seus movimentos. Ela mostrou-se mais recatada, de início... Não queria mostrar que desejava tocá-lo intensamente. Mas os corpos já se arqueavam, suplicando por mais. Sentiu um dedo, depois outro...

Acariciando um dos seus seios, mas de uma forma tão leve e subtil que quase parecia um sopro. Foi deliciosa a forma como eles foram descobrindo algumas partes do corpo de cada um. Sem pressa, sem pressões... Mas cobertos de palpitações.

Hummm... Ele tocou-lhe mais abaixo na linha que envolve a cintura. Ops! Sentiu a mão dele em contacto com o seu fio dental amarelo. Corou. O que terá ele pensado naquele momento? Deixaram fluir as emoções até... A realidade lhes bater à porta. Tinham que ir. Ele já tinha planos marcados para aquela noite. Ela só queria estar com ele. Pela primeira vez pensou que poderia não o tornar a ver. Pela primeira vez pensou, "foi tão bom pelo que foi" e não pelo que "poderá vir a ser".


[Ana Nogs]


>>> To be continued...

Thursday, September 11

Could it be a love story? I – He

Pic by achfoo

Dois olhares que se tocaram


I


He


Ele estava nervoso. Mas não tanto como esperaria. Estaria mais insensível? Estaria mais equilibrado? Ou seria pura dopagem?

Ela chegou visivelmente nervosa. Muito. Ele decidiu então que teria de ser o contrabalanço, para que o encontro não fosse um foco de ansiedade e não se viesse a saldar numa absoluta frustração. Afinal, o que tinha ele a perder? Bem, para começar, a oportunidade de conhecer alguém que se poderia vir a revelar especial. Depois... bem, quanto ao resto tudo era incerto, pelo que decidiu apostar na continuidade do desafio.

Quando viu as mãos (extremamente) trémulas dela, que acendia um cigarro após outro, pensou na regra de ouro para lidar com pessoas nervosas: não dizer "tem calma!".

Os planos do almoço passavam pela sua mente, mas já não com a ansiedade com que há algum tempo antecipava todo e qualquer momento que fosse viver. Aliás, foi com a maior das tranquilidades que alterou o local onde iam almoçar: impetuosamente, decidiu o Meco. O Atlântico e o sol seriam companheiros ideais para este encontro.

O sorriso dela ao ver a praia revelou-lhe que ele tinha feito uma boa escolha. Sentiu-se orgulhoso, para além de um prazer imenso que o invadiu ao ver aquele sorriso.

Tinha-o impressionado ver as costas perfeitas dela logo que chegou perto dele e as expôs ao seu olhar perscrutante. Mas o sorriso dela desarmou-o e fê-lo derreter-se um pouco por dentro.

Num caminho mais íngreme, ela prontamente aceitou a mão dele para a apoiar. Mais um momento que teria despertado mil e duas sirenes há um tempo atrás na cabeça dele, mas que agora encarou com uma tranquilidade surpreendente.

Um almoço partilhado, regado a cerveja (ela com aquela coisa chamada Green… bleargh…) e digerido com a ajuda de uns cigarros — ela continuava a fumar nervosamente, mas a mão estava substancialmente menos trémula.

– Vamos conhecer outra praia?

Ele pensava na praia de Alfarim, num copo no Bar do Peixe. Mas, mais uma vez numa decisão totalmente impetuosa, decidiu ir matar saudades da praia micro-ondas.

“Só por alguns momentos, pois com aqueles saltos, ela não vai conseguir ir até ao areal”, pensou ele.

Surpresa! Foi ela mesmo a tomar a iniciativa, e mais uma vez a aceitar a mão dele que se propunha ajudá-la a superar aquele caminho íngreme.

O pôr-do-sol começava a desenhar-se no horizonte, belo como só o Meco pode oferecer. Pela cabeça, passaram-lhe as dezenas de ocasos já por ele presenciados naquelas praias. Já tinha acompanhado aquele mesmo sol para além daquela mesma linha do horizonte com lágrimas, com sorrisos, com gargalhadas, com músicas, com silêncios, com solidão, com companhia. Agora, ei-lo de volta ao país que amava, a uma praia que o encantava, com um pôr-do-sol que sempre o fascinou. Mas desta vez, com uma companhia que o surpreendia não só pela pessoa que era, mas também pela pessoa que o fazia ser.

A ondulação e a subida da maré quase os obrigou a agarrarem-se para caminharem lado a lado. Não pareceu uma obrigação, mas apenas um corolário para os momentos de magia que aconteceram antes, quando ambos trocavam nada mais que palavras.

Ele sentiu o chamado “momento da verdade” quando se sentaram nas rochas a apreciar o mar e a despedirem-se do sol desse dia. Queria beijá-la, mas — como sempre — não sabia como fazê-lo. Calou-se, evitando o seu customeiro hábito de dizer coisas estúpidas nestas situações. Ela, inquieta, parecia compreender que os movimentos corporais dele eram de desejo de proximidade do corpo dela. E conscientemente, o seu corpo anuiu ao pedido que ele fazia calado. Um beijo na face esquerda. O arrepio na espinha quase o toldou, mas decidiu responder com um braço em volta dela. E as bocas uniram-se, da forma que se avizinhava já como inevitável.

Os beijos dela eram doces, suaves, e a sua boca acolhia-o como se os lábios e a língua dele fossem já há muito esperados.

O sol, impassível, deslocava-se para terras mais ocidentais, enquanto eles procuravam o norte de um e de outro, com toques subtis que se misturavam, quase não permitindo ver quais os que agradavam mais a um e a outro.

E aí, mesmo no escuro que tinha ocupado o lugar do sol, ela ofereceu-lhe mais um daqueles sorrisos arrasadores. Ele sorriu também.

[Lu Romero]


>>> To be continued...

Tuesday, September 9

Could it be a love story? I – She


Pic by aknacer

Dois olhares que se tocaram

I

She

Ela nunca imaginou que seria assim conhecê-lo... Todo ele emanava uma luz forte, intensa, que a embriagava plenamente.

Observou os seus olhos com curiosidade, pois saltavam deles leves sorrisos de doçura. As suas mãos tremiam de tanto nervosismo, esperava há tanto aquele momento e, no entanto, estivera quase para desistir... (Desistir?!) Sim, desistir. Assaltava-a um medo imenso de não corresponder à imagem que ele pretendia. E ela, será que gostaria de o conhecer melhor?

Desconcentrava-a o facto de ele parecer tão descontraído (mais tarde ele também lhe explicou o porquê da sua aparente tranquilidade), quase lhe parecia indiferente à sua presença... Apeteceu-lhe fugir nesse momento.

Mas seria imensa a humilhação de desistir naquele momento. E, de qualquer forma, sentia-se cada vez mais impregnada pelos seus olhos, pelo desejo de o conhecer melhor. Olhos de fogo, os dele!

Deixou-se levar pelas conversas que se encadeavam umas nas outras e pela curiosidade mútua que sentiam de se conhecerem melhor. Olhava fixamente os seus lábios enquanto ele a fazia sorrir com o que dizia. Mais uma vez se viu ser surpresa pela sua escolha... Às vezes parecia que a conhecia desde sempre. Aquele local... O cheiro do mar que ela tanto adorava, a mistura da humidade com a sua pele, o vento a

acariciar-lhe o cabelo, a música que o som das ondas do mar libertavam... Que ambiente maravilhoso para o conhecer. Que tarde de sonho! Que loucura!

As horas passaram sem que se apercebessem disso, olhavam para o mar depois do almoço e mais uns quantos cigarros (ela fumava que nem uma louca, não conseguia controlar a felicidade e/ou ansiedade)... Partiram para uma outra praia e, enquanto o tempo passava, sentia uma vontade cada vez mais crescente de o ter. Desafiou-o para irem ver o mar mais perto, ele sorriu com um ar doce e disse: Achas que consegues?

Ela corou.. Mas começou imediatamente a andar sobre as pedras em direcção ao mar e disse-lhe: Se me desequilibrar posso segurar-me a ti.

Aqueles saltos altos, finos e frágeis não se enquadravam naquele itinerário, mas não foi isso que a fez desistir e ficar para trás. Talvez tenha sido esse o melhor acaso do dia! Sim, foi devido ao seu ar desastrado a andar que teve o primeiro contacto com o seu corpo.

Agarrou-lhe a mão com ternura como se o único objectivo fosse não cair.

Mas a verdade é que adorou o facto de poder ter uma desculpa para se aproximar.

Era tão forte, tão mágica a sensação que tinha estando com ele ao seu lado. Olhos nos olhos, perdeu-se no seu olhar...

Apressou o passo em direcção ao areal pequeno que se escondia num canto da praia, olhou para as ondas e viajou durante breves instantes. Quando olhou de novo, ele continuava ao seu lado. As ondas aproximavam-se e reduziam a passagem.

Correram em direcção às pedras, mas desta vez abraçados em breves momentos. Sentiu todos os seus sentidos em completa confusão.

Decidiram sentar-se a contemplar a paisagem magnífica que os rodeava. Ele estava praticamente em silêncio, ela falava nem sabia bem de quê... O olhar perdido dele nesse final de tarde era encantador.

Qualquer sereia que saísse de uma história fantástica, ou rompesse daquele mar imenso, se sentiria atraída pela sua doçura. O feitiço iria inverter-se... Seria ela quem ficaria encantada com a sua voz, os seus gestos, as seus olhos e até pelo seu silêncio.

Era impossível resistir a alguém como ele, era impossível resistir-lhe!

Aquele pôr-do-sol ficou marcado no seu olhar, os seus olhos brilham cada vez que viaja ao encontro de momentos tão intensos.

Tudo nele era fascinante. Perdeu-se ao seu lado contemplando aqueles lábios deliciosos. Pareciam-lhe pedaços de espuma, de morangos, de melancia... Deu-lhe um beijo na face esquerda, a sua pele era aveludada e macia. Queria tanto beijá-lo! Mais e mais... Mas não sabia se devia. Não sabia se ele também o desejava tanto como ela.

Percebeu finalmente o porquê do seu silêncio.

Pensaram no mesmo. Cruzaram os olhares. Desejavam-se mutuamente em silêncio.

Beijou-o ou deixou que a beijasse? Não interessa.

Importa sim a magia daquele momento. Momento em que sentira os seus lábios entregarem-se sem medo, cheios de emoção, cobertos de desejo.

Coraram os dois (pelo menos por dentro). Sorriram e abraçaram-se, envolveram-se um no outro.

Os seus beijos eram magníficos. Nunca eram monótonos nem iguais. Às vezes sabiam a algodão doce, outras a pimenta. Ora eram suaves como uma fita de cetim, ora selvagens como raios fulminantes de sol.

Eram tão diferentes, mas faziam uma combinação fantástica enquanto estavam juntos. Beijaram-se até o sol se esconder.

Abraçaram-se, misturaram-se mesmo no meio da escuridão.

[Ana Nogs]

>>> To be continued...